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HISTÓRIAS QUE GUARDO

Joanesburgo outrora

Com a aproximação do Dia de Portugal, veio-me à memória algumas histórias que nos foram contadas na primeira pessoa, quando o Fórum Português viajou durante dois anos por toda África do Sul, pois é já lá vão alguns anos, e…parece que foi ontem!


Muitas dessas histórias são engraçadas, algumas de superação, de tenacidade…outras nem por isso…mas marcaram-me e lembro-me delas e das pessoas que mas contaram com muito carinho, alguns dos intervenientes já não estão no meio de nós, outros deixaram o País, mas muitos deles ainda por cá continuam, e o contacto mantem-se.


Vou dividir hoje uma com o amigo leitor, sem nomes, nem locais onde elas foram passadas e contadas, quem sabe talvez as identifique no espaço, e na pessoa.


Estando nós num determinado lugar para contactar com a nossa Comunidade, encontramos um senhor bem-sucedido na vida, que nos contou que nem sempre a sua vida foi um “mar de rosas”, que muito cedo começou a trabalhar e ainda muito jovem vem para a África do Sul, tinha por cá familiares, fez um pouco de tudo, até que conseguir abrir o seu próprio negócio.
Tinha uma estratégia para saber qual seria o melhor lugar para o negócio, como o que vendia eram vegetais e fruta e para isso não precisava de grandes coisas na loja, bastavam algumas caixas que nessa altura eram de madeira… loja para alugar e renda conveniente… lá ia abrir um “fruit shop”. aconteceu ter três na mesma rua, esperava dois a três meses, aquele que tivesse mais clientela era o que ficava aberto. Assim foi fazendo a sua vida e os negócios foram prosperando, passado alguns anos farto de andar a pé resolveu comprar um carro, andou a “namorar” um Mercedes em segunda não que havia numa garagem lá na rua, falou com o dono que o olhou de alto a baixo pouco convencido de que ia fazer negócio e ainda menos a pronto pagamento.
Preço acertado, negócio fechado, mas o dono do estabelecimento sempre com pouca fé, no dia seguinte como combinado o nosso homem vai buscar o carro e fazer o respectivo pagamento, nos anos 60 a nota de maior valor era a de 10 rands, assim o pagamento do Mercedes foi efectuado em notas de 1, 5 e 10 rands, o dinheiro ia dentro de um saco de batatas e despejado em cima da secretária do vendedor.
Mas o caricato não acaba aqui, feliz com o seu primeiro carro e um Mercedes que parecia saído da “caixa”, lembrou-se que não sabia conduzir, pediu para que lhe fossem dadas algumas “luzes” sobre como o levar dali, ele próprio, recebeu as instruções necessárias, acelerar, travar, manter o carro direito, marcha a traz, seguir em frente, foi o suficiente para levar o carro consigo.
Primeiro ainda não existiam robotes o que facilitava e como era tudo na mesma rua, o fruit shop ficava ao cimo a casa ao fundo, assunto resolvido, de manhã seguia em frente, quando terminava o dia vinha para casa vinha de marcha a traz, assim foi durante muito tempo até que resolveu tirar a carta para poder dar mais uma voltas com o seu Mercedes e comprar mais uma carrinha, para com mais facilidade abastecer os seus estabelecimentos.
A vida com muito trabalho foi prosperando, depois dos fruit shops outros negócios foram adquiridos e abertos em localidades diferentes, muitos foram aqueles que ele trouxe da sua terra para cá, deu-lhes trabalho, cama e mesa, quando estavam aptos dava-lhes sociedade, alguns continuaram com ele, outros seguiram a sua vida por os seus próprios pés, nos mais diferentes ramos de comércio.
Talvez o amigo leitor reconheça esta história verídica e se lembrem de quem a contou e a quem se refere!
Como esta outras histórias tenho guardadas no meu baú das memórias, que com o tempo irei dividir consigo…


Idalina Henriques

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